EXCITADA? EU, JAMAIS!



Por quê que as mulheres a quem mostramos imagens sexuais afirmam que as mesmas não as excitam quando afinal aparelhos registam um fluxo sanguíneo brutal, acompanhado de uma taxa de secreção vaginal intensa? A cueca está encharcada mas elas negam. Inconsciente? Mentira? Negação?
Costuma-se dizer que os homens são animais e que gostam do sexo bruto. Já as mulheres excitam-se unicamente por e para os seus amados e grandes carinhos. Verdadeiro? Falso? Nos anos 2000, uma psicóloga americana começa a investigar. Chama-se Meredith Chivers. O pai – coronel na força aérea canadiana – é construtor de cockpits para aviões e transmite à filha o amor pelos estudos empíricos. Ainda pequena, Meredith fabrica primeiro labirintos para hamsters, depois um frigorífico miniatura para a sua casa de bonecas. Mias velha, opta por estudar neuro-ciências, biofísica, bioquímica e inscreve-se num curso de sexualidade durante o qual, um dia, o professor projectou imagens em grande plano de uma vagina.
Gritos de repulsa no anfiteatro… principalmente emitidos pelas raparigas.
Num livro consagrado a esta surpreendente investigadora, O que querem as mulheres, Daniel Bergner sublinha que “Os grandes planos de um pénis não levantam a menor vaga de protestos nos estudantes dos dois sexos”. Meredith Chivers acha que é injsuto. Tão injusto como os estigmas que rotulam as mulheres ditas “liberais” de mulheres da vida, prostitutas. Por que seriam elas putas? “Porque as suas fantasias são fantasias de homens”, afirmam alguns pseudo-feministas. Quer dizer que há fantasias diferentes consoantes o sexo? Meredith Chivers acredita que é um mistério ainda por descobrir. E por isso, fabrica um engenho baptizado de pletismografo, “um pequeno aparelho munido de uma ampola e dum captador de luz que se insere na vagina”.
As mulheres reagem a tudo mas afirmam que não reagem a nada
É um aparelho destinado a medir o grau de excitação das mulheres. Portanto, só resta testar. Meredith Chivers testa nas suas cobais a mesma experiência: mulheres “equipadas” com um pletismografo, confortavelmente sentadas dum cadeirão, submetidas a uma série de filmes pornográficos ou documentários num écran de computador: sodomização, coito hetero, masturbação, nudismo, lesbianismo… Os resultados são surpreendentes. Mais tarde, Meredith inventa outro aparelho para medir a excitação masculina e compara. Tudo indica que os homens, na sua maioria, reagem psicologicamente a todas as cenas que correspondem aos seus próprios gostos. Quando questionados sobre as cenas que os excitam, as suas respostas coincidem exactamente com os resultados que o aparelho registou. En contrapartida, as mulheres… Não somente tudo as excita como elas assumem que nada as excita.
Mais claramente: os homens têm tesão por imagens que se aproximam dos seus gostos como as mulheres se excitam com tudo o que é estímulos sexuais, até com imagens de macacos a acasalarem.

No “O segredo das mulheres”, Elisa Brune e Yves Ferroul surpreendem-se: “As mulheres respondem até a imagens de sexualidade animal, quando os homens nem por isso. Por que razão as mulheres se excitam com macacos a fornicarem?” Mais curioso ainda: Mesmo que se excitem com tudo (desde que mostre carinhos, masturbação ou penetrações) porque afirmam que não sentem nada? Por outro lado, elas afirmam que se excitam com imagens porno “leves”, centradas na mulher, ou seja as cenas mais “fofinhas” do repertório de filmes que lhes foram mostrados. Noutros termos: o que elas dizem com a cabeça não corresponde ao que elas “dizem” com a vagina.
Meridth é prudente quando explica estes resultados. seria idiota dizer que as mulheres mentem. Mas se as mulheres não mentem isso significa que uma mulher pode realmente ignorar o que se passa com o seu corpo? Será ela ignorante das suas próprias emoções? Será o desprezo pelo seu corpo? Ou será que é condicionada a negar a evidência?

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