À DESCOBERTA DE ANGOLA: QUOTIDIANO NO ANTIGO REINO DO KONGO EM DESTAQUE NO ZAIRE


A vida diária no antigo Reino do Kongo está espelhada nas 100 peças museológicas expostas no Museu dos Reis do Kongo, em Mbanza Kongo, capital da província do Zaire.
De acordo com o chefe do departamento do património histórico-cultural da direcção provincial da cultura, Luntadila Lunguana, o acervo está repartido em quatro principais grupos de acordo a sua importância, escreve a Angop.
Explicou que o primeiro grupo corresponde a peças que retratam aspectos históricos, geográficos e políticos, nomeadamente retratos, mapas sobre o território que abarcava o Reino do Kongo e respectivos reis que passaram pelo trono, bem como o carimbo.
O segundo bloco espelha a organização sócio-económica do Reino do Kongo, nomeadamente o testemunho do domínio da tecnologia de fundição do ferro e do metal pelos antigos habitantes do antigo reino, que permitiu a fabricação de enxadas, catanas, flechas, caçadeiras, entre outros instrumentos agrícolas e de caça.
Nesta parte inclui ainda os diferentes elementos que serviam como objecto de troca em actividades comerciais, designadamente borracha, pano tradicional, nzimbo, missanga, entre outros. Ainda na vertente económica, segundo o responsável, estão igualmente expostas as ferramentas tradicionais para a pesca.
Quanto à terceira parte, refere-se a peças que testemunham o culto ancestral, nos domínios da música e comunicação à distância, enquanto o quarto grupo retrata a abertura do Reino do Kongo ao mundo ocidental.
Um crucifixo feito pelos ancestrais como réplica da cruz dos primeiros cristãos que chegaram ao reino, a pedra que retrata a chegada do navegador português Digo Cão à foz do rio Zaire, em 1482, assim como o símbolo da cidade que foi atribuído o nome de São Salvador do Kongo pelos portugueses e Igreja Católica, são alguns dos elementos que testemunham essa abertura.
A quinta categoria de peças museológicas corresponde aos atributos de poder que integra os objectos de uso pessoal do rei e da rainha, como o trono real, o fato do rei, a espada, os chapéus, bastão, coroa, pulseira, missanga e o trono da rainha.
Na década de 80, o Museu dos Reis do Kongo, na altura com a designação de Museu do Reino do Kongo, detinha cerca de mil peças museológicas, muitas das quais foram subtraídas do recinto durante o conflito armado.
O museu conta com cinco especialistas em preservação, conservação e catalogação do acervo museológico que foram formados de forma intensiva durante 16 meses na República do Benim pelo governo provincial.

Actualmente, o Museu dos Reis do Kongo recebe cerca de 300 visitantes por mês, com realce para estudantes e comunidade religiosa, que procuram saber do passado histórico do antigo Reino do Kongo.
Valorizou a política de mediação que está a concorrer e despertar o interesse do público em visitar o museu, frisando que outras iniciativas serão ensaiadas para a atracção do público.
O responsável disse ser intenção a promoção, no futuro, de algumas actividades de geração de renda, auxiliares ao museu, de modo a permitir a sua autonomização, nos domínios da restauração, investigação por via da criação de salas de internet, assim como parcerias com entidades ou organizações nacionais e internacionais para a atracção de financiamentos.
Considerou haver ausência de alguns requisitos no ponto de vista jurídico para formalizar o funcionamento normal do museu, referindo-se ao estatuto e regulamento interno desta instituição patrimonial.
O edifício principal que alberga o Museu dos Reis do Kongo foi no passado uma residência real construída em 1903, até a última sucessão do trono ocorrida na década de sessenta. Após a independência nacional, a residência tornou-se como Museu do Reino do Kongo.
O recinto permaneceu encerrado durante anos devido ao conflito armado, tendo reaberto de forma definitiva em 2007, após beneficiar de obras de restauro e ampliação, passando desta feita a designar-se Museu dos Reis do Kongo.  

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