
La sape: o estilo da ‘república do congo’ marca o glamoroso retorno da Balmain Homme na semana de moda em Paris
O tão aguardado retorno da Balmain Homme foi celebrado com pompa e estilo, marcando o renascimento da moda e da cultura, após quatro anos sem desfiles presenciais. Oliver Rousteing, o diretor criativo da Balmain, não apenas surpreendeu, mas encantou ao apresentar uma das mais grandiosas coleções na história da icónica grife francesa.

A inspiração central para essa coleção fascinante que conquistou todos os olhares foi a ‘La Sape’ – um movimento cultural e social nascido na República Democrática do Congo, com os seus 10 mandamentos como bússola. Rousteing mergulhou profundamente nas raízes da sapologia, um movimento de vestuário que desafia e reinventa os códigos da moda, realçando a elegância em meio à adversidade, mesmo em comunidades impactadas pela guerra.
A paleta de cores vibrantes, as peças de alfaiataria requintadas, os bordados elaborados e a presença marcante de estampas de poá trouxeram à passarela o maximalismo e a exuberância que caracterizam os sapeurs, homenageando não apenas um estilo, mas um modo de vida. A coleção prestou também uma homenagem à rica herança musical africana, incorporando referências a músicos afro-americanos, como Tony Jackson, e evocando a estética do início do século XX.

A coleção da Balmain Homme sob a direção de Olivier Rousteing transcende a expressão do estilo La Sape; é uma celebração da riqueza e diversidade cultural refletida nos grandes nomes da moda de luxo. As colaborações com artistas renomados do mercado africano, como o fotógrafo ganês Princejyesi e o cenógrafo camaronês Ibbynjoya, enriqueceram ainda mais a experiência visual da coleção, proporcionando um espetáculo de arte e moda que ultrapassa fronteiras.
A história por trás do estilo La Sape
A La Sape, abreviação de Société des Ambianceurs et des Personnes Élégantes, que significa “Sociedade de Ambientadores de Pessoas Elegantes” em português, é um movimento cultural africano que utiliza roupas extravagantes e modernas como forma de resistência, apropriando-se do estilo dos colonizadores. Originado no Congo, esse movimento foi uma manifestação de rebeldia contra o imperialismo francês no século XIX.
Inicialmente, a La Sape era um ato de desafio, onde homens africanos desempregados e com pouca instrução confrontavam o domínio colonial francês ao adotar a elegância e o estilo dos colonizadores. Utilizando o vestuário europeu como um ato político, os sapeurs reivindicavam visibilidade e respeito nas suas próprias terras, desafiando a política colonialista.

O movimento La Sape resistiu ao teste do tempo, persistindo como uma celebração da luta dos antepassados africanos e do estilo de vida elegante dos congoleses. Hoje, membros da La Sape desfilam pelas ruas de Brazzaville, no Congo, anualmente em junho, exibindo elegância em eventos que coroam o “sapeur do ano”.
Apesar do custo elevado das roupas, os sapeurs são trabalhadores comuns, como carpinteiros, fazendeiros ou taxistas, que preferem investir em roupas de luxo em vez de bens materiais tradicionais. Vestir-se com elegância para essa comunidade é um símbolo de respeito próprio e uma maneira de manter viva a tradição cultural que nasceu como um ato de resistência e esperança em tempos de violência e repressão. A La Sape, ao longo da sua história, provou que vestir-se, quando realizado por africanos, é um ato político e revolucionário.











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