Ramiza Dias: a empreendedora que resgata a cultura africana com maestria nas tranças
As tranças, outrora uma ferramenta de sobrevivência durante os tempos sombrios da escravatura, hoje não apenas perpetuam o significado de sobrevivência, mas também se tornaram uma fonte vital de subsistência para muitas famílias.
Numa era contemporânea, onde os costumes ancestrais se entrelaçam com as demandas da vida moderna, o ato de fazer tranças vai além de um simples penteado. É uma transmissão viva de conhecimento ancestral e, ao mesmo tempo, uma profissão em ascensão para muitas mulheres, como Ramiza Dias, que fizeram desta grande arte a sua fonte de rendimento.
A jovem empreendedora de 29 anos, formada em Gestão de Empresas, encontrou a sua paixão no mundo da beleza desde tenra idade. Sempre habilidosa na arte de “trançar”, Ramiza conta à Revista Chocolate que começou a criar as suas próprias tranças ainda na infância, revelando um talento natural para a estilização capilar.
Proprietária de um salão de beleza especializado em tranças africanas, a empreendedora disse que a ideia de abrir o salão ‘Raja Tranças’ surgiu em 2017, quando percebeu a escassez de salões exclusivos para tranças. Movida pelo desejo de preencher essa lacuna no mercado, decidiu empreender. Com algumas clientes fiéis e uma habilidade excepcional em trançar, Ramiza uniu forças com seu irmão, Jamil, e juntos fundaram o salão. “O nome ‘Raja’ é a junção das iniciais dos nossos nomes.”
O Raja Tranças destaca-se por introduzir no mercado angolano a marca exclusiva de tranças chamada “Polka Locs”, desenvolvida pela equipe do salão. “Além disso, atualmente as tranças mais aderidas no salão de beleza Raja Tranças são as “Gips Draid” (também conhecidas como bobys com cachos), seguindo a tendência global de tranças. No entanto, o que atrai principalmente as clientes são os diversos estilos de dreadlocks oferecidos”, afirma.
Num mercado de beleza altamente concorrido, Ramiza destaca a importância da inovação e atualização constantes para se manter relevante. Gerir conflitos entre a equipe, composta principalmente por mulheres, é outro desafio que ela enfrenta com determinação, “acredito que é possível viver exclusivamente do negócio de tranças em Angola”.
Com dedicação e maestria nas tranças, Ramiza Dias destaca-se não apenas como uma empreendedora de sucesso, mas também como uma guardiã da cultura africana, perpetuando a tradição através da beleza das suas criações capilares.
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