A Associação Cultural e Juvenil Batoto Yetu Portugal está a desenvolver um projecto que pretende trazer à luz do dia a história da presença africana em Lisboa e que se vai chamar Kadjibu 2016.
Em parceria com a Câmara Municipal da capital portuguesa, o projecto vai explorar a presença africana que remonta ao século XV e que o tempo e o branqueamento deliberado da história foram apagando.
“Cada vez mais é importante que se conheçam os lugares onde as pessoas passaram e existiram”, afirmou a professora Isabel Castro Henriques, do Centro de Estudos sobre África, Ásia e América Latina, durante uma reportagem do audioblogue AfroLis.
Da Rua do Poço dos Negros [onde foi criado um poço a mando do rei D. Manuel, em 1515, onde eram lançados os corpos dos escravos mortos em trabalho ou de doenças] ao Cais do Sodré [local onde negros trabalhavam na construção das naus], Lisboa esconde ruas e ruelas que cheiram a África por culpa da escravatura e cujos traços perduram até aos dias de hoje, embora grande parte da população não o saiba.
“Muitos lugares já não existem fisicamente, mas estão ligados à presença dos africanos em Lisboa, uma história pouco trabalhada e pouco conhecida.”, indica a investigadora Isabel Castro Henriques.
Ainda na reportagem Afrolis, Inês Pinto, membro da Batoto Yetu, indica que “o objetivo [do Kadjibu 216] é fazer o percurso e ver, em parceria com a professora [Isabel Castro Henriques], quais são estes locais mais importantes e que símbolos é que podemos realçar com uma placa a explicar a importância do local ou da pessoa.”
É a inclusão de uma história que faz parte do passado, presente e com certeza do futuro, que pode aumentar a visibilidade e o interesse por este passeio. “É estranho pensarmos que Portugal não tem um Museu de História Africana ou dedicado aos
povos africanos que fazem parte importantíssima da história de Portugal”, conclui Inês.
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